Andrew Murray – A porta fechada: a sós com Deus

31 ago

Andrew Murray (1828-1927)

“Quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto.” (Mateus 6:6)

Fomos criados para ter comunhão com Deus. Deus nos fez à Sua própria imagem e semelhança para que fôssemos ajustados à comunhão, fôssemos capazes de entendê-Lo e de apreciá-Lo, de entrar em Sua vontade e de nos deleitarmos em Sua glória. Porque Deus é onipresente e aquele que tudo penetra, Ele poderia viver no gozo de um inquebrável comunhão em meio a toda obra que tivesse para fazer. Dessa comunhão o pecado nos roubou.

Nada além dessa comunhão pode satisfazer tanto o nosso como o coração de Deus. Foi isto que Cristo veio restaurar: Ele veio devolver a Deus Suas criaturas perdidas e nos devolver a tudo para o que fomos criados. A comunicação com Deus é a consumação da bem-aventurança tanto na terra como no céu. Isso ocorre quando a promessa, tão frequentemente dada, se torna uma experiência completa: “Estarei contigo, jamais te deixarei nem te abandonarei”, e quando podemos dizer: “O Pai está sempre comigo”.

Essa comunicação com Deus foi estabelecida para ser nossa o dia todo, quaisquer que sejam as circunstâncias que nos rodeiem. Gozar dela, porém, depende da realidade da comunicação em nosso aposento, a sós. O poder para manter uma comunhão íntima e satisfatória com Deus o dia todo dependerá totalmente da intensidade com a qual buscamos guardá-la na hora de nossa oração secreta. O essencial é a comunhão com Deus.

Nosso Senhor ensina que este deve ser o segredo íntimo da oração secreta: fechar a porta e orar a nosso Pai, que está em secreto. A primeira e principal coisa é perceber que ali em secreto você tem a presença e a atenção do Pai. Saiba que Ele vê e ouve você. Mais importante que todos os seus pedidos, mesmo que urgentes, mais importante do que toda a sua sinceridade e esforço para orar corretamente é a certeza viva, como a tem uma criança, de que seu Pai o vê, que agora você O encontrou e que com os olhos Dele em você e os seus Nele, você agora desfruta de uma verdadeira comunicação íntima com Ele.

Cristão, em seu aposento secreto você “corre o risco” de substituir oração e estudo bíblico pela viva comunhão com Deus, o vivo intercâmbio de dar a Ele seu amor, seu coração e sua vida, e receber Dele Seu amor, Sua vida e Seu Espírito. Suas necessidades e suas declarações, seu desejo de orar humilde e sinceramente com fé talvez o ocupem tanto que a luz do semblante de Deus e a alegria de Seu amor não podem entrar em você.

Seu estudo bíblico pode ser tão interessante para você que mesmo a Palavra de Deus se torne um substituto para o próprio Deus, se torne o maior impedimento para a comunhão, porque mantém a alma ocupada em lugar de guiá-la a Deus. E saímos para nosso trabalho diário sem o poder de uma permanente comunhão, porque em nossos devocionais matutinos a bênção não foi adquirida.

Que diferença faria na vida de muitos se todas as coisas na vida fossem subordinadas a isto – quero ao longo do dia andar com Deus; meu horário da manhã é a hora em que meu Pai entra em um compromisso definitivo comigo e eu com Ele para que assim seja. Que poder seria concedido pela consciência de que Deus assumiu a responsabilidade por mim e que Ele está indo comigo; vou fazer Sua vontade o dia todo em Seu poder; estou pronto para tudo o que possa vir.

Que nobreza haveria na vida se a oração secreta não fosse somente um pedir por uma nova sensação de conforto, luz ou poder, mas a entrega da vida somente por um dia no certo e seguro cuidado de um Deus poderoso e fiel. A separação dos outros, em solidão com Deus, é, com certeza, a única forma para viver em comunhão com outros no poder da bênção de Deus.

(Extraído da revista O Vencedor, fev-2006).

Clique aqui para ver livros de Andrew Murray.

Comentários

Mais vendidos

Back to Top