Todos nós nos preparamos para viver somente dias bons. Pensamos em como tornar as coisas melhores para a família e para nossos negócios, aproveitar a vida, fazer investimentos… E é maravilhoso quando tudo que planejamos está seguindo um curso vitorioso e conquistamos nossos sonhos. Como é prazeroso quando os ventos bons da prosperidade e da felicidade estão soprando em nosso favor.
No entanto, mais cedo ou mais tarde somos surpreendidos com o dia mau, quando parece que um vento terrível sopra contra nós e nossas conquistas começam a se desmoronar sem que consigamos detê-lo. Já aconteceu com você viver dias maus assim?
Por que será que passamos por dias maus em nossa vida? Precisamos refletir quanto ao que fazer quando os ventos devastadores sopram contra nós. O grave problema é que nossa ideia quanto a viver dias bons pode ser uma ilusão. Neste caso, o dia mau serve para nos purificar de tudo que seja superficial, de tudo que nos amarra a uma vida medíocre e egoísta. Por mais que não compreendamos no momento, as tribulações dos dias maus produzirão transformações positivas em nossa alma e em nosso labor.
Recentemente, uma pesquisa do gabinete do censo dos Estados Unidos declarou que 50% de todos os casamentos realizados naquele país acabarão em divórcio. Isso significa muitos lares destruídos, corações partidos e papelada, sem mencionar o dinheiro gasto com os honorários de advogados e custas judiciais. Pior, os cônjuges tomam essa decisão em nome da fidelidade, do sucesso, do viver melhor.
Viver melhor à custa de destruir a família? Será que já paramos para refletir que nosso “sucesso” pode se tornar o trampolim que expele nossos filhos para as negras ondas da insegurança, do acaso, da depressão?
Alguns pesquisadores afirmam que essa porcentagem de futuros casamentos predestinados ao fracasso deve ser interpretada com base em outros fatores. “The State of Our Unions” (O estado de nossas uniões, 2004), preparado na Rutgers University para o National Marriage Project (Projeto Nacional sobre Casamento), declara que existem muitos fatores sociais importantes que afetam esses 50% estimados. Por exemplo, o de divórcio aumenta em 30% se a sua receita anual for maior do que R$ 110 mil (ou seja, quanto mais bem sucedido economicamente, mais aumenta as possibilidades de ruína familiar); 24% se você tiver um bebê mais de sete meses após se casar; 24% se você tinha mais de 25 anos quando se casou.
Ao contrário, a mesma pesquisa aponta as chances de 14% apenas se os seus pais nunca se divorciaram e 14% se você participa da vivência de uma igreja com sua família. Essas pesquisas sinalizam que se os valores que temos como fundamento de vida forem a família saudável por andarmos nos caminhos de Deus, então temos um fundamento sólido para uma vida estável.
Isso evidencia que o padrão socioeconômico capitalista projeta-nos em um estilo de vida que devasta o maior bem que temos: a família. Como pode o bom se tornar em ruína? Às vezes estamos tão obcecados pela busca desenfreada de sucesso e status que nem percebemos que estamos perdendo nosso maior “patrimônio”. Alguns perderam a família mesmo vivendo “juntos”, e por fim os laços do amor e da integridade se romperam e não tiveram mais forças para resistirem à sedução das drogas, à prostituição e ao suicídio moral.
Temos trabalhado tanto com as coisas desta Terra que ignoramos que as vezes ignoramos que um dia tudo isso vai passar e somente nossos labores feitos na vontade do Eterno é que terão recompensas eternas. Embora devamos lutar para sermos bem-sucedidos, que nossa maior glória seja construir uma família exemplar. Que nossa integridade valha mais que nosso cartão de crédito. Assim, faremos nossa parte em construir um mundo melhor, pelo menos até onde nossa responsabilidade chegar, antes que o dia mau chegue. Mas se o dia mau chegar, não temeremos, pois ele só nos tirará o que nunca deveríamos ter obtido e seremos mais livres para seguir nossa missão na Terra rumo à eternidade com Deus.
Gerson Lima
(Escrito em Baixa Grande, Bahia, em 02/09/09 para a seção Reflexão da Revista Destaque Empresarial).
Editor da Editora dos Clássicos.