Companheiros

7 out

1_Companheiros Semeandopor T. Austin-Sparks

(transcrito de uma mensagem de 1958)

Hebreus 3:1: “Por isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial, considerai atentamente o Apóstolo e Sumo Sacerdote da nossa confissão, Jesus”

Eu desejo enfatizar aquela expressão: “que participais” – da vocação celestial. Este é, para o momento, o propósito desta breve meditação, seu ponto focal. Mas, como se vê, decorre de uma continuação sugerida pelas primeiras palavras da sentença: “Por isso”. É matéria de comum conhecimento que esta carta aos hebreus é cheia de comparações e contrastes. Há vários deles. Neste ponto, enfoca-se duas casas e duas pessoas responsáveis por e pertencentes a estas duas casas. Duas casas, como se percebe nas palavras imediatamente seguintes: de um lado, em primeiro lugar, a de Moisés em que ele era fiel como um servo; de outro lado, a casa de Jesus na qual Ele é Filho e sobre a qual Ele é cabeça.

A palavra “casa”, é claro, é mais literalmente uma “economia” ou “ordem” de Deus nesta dispensação. Assim, de um lado há a casa terrena; do outro, a celestial em contraste. De um lado a temporal, do outro a espiritual. De um lado, como diz: “a que veio por meio de anjos”; do outro, a que veio pelo Filho de Deus. A carta inteira tem este objetivo: a superioridade, a grandeza da última sobre a primeira.

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Estas palavras com as quais o capítulo inicia nos dizem ou indicam algo quanto à constituição desta casa celestial, espiritual e tão mais superior. Faz isto usando as palavras: “Por isso, santos irmãos, que participais da vocação celestial”. Santos irmãos: são eles que constituem esta casa. A casa santa, portanto, é composta daqueles que foram separados de um sistema, domínio e natureza para Deus; para uma outra ordem. Separados do mundo, do pecado, da morte; este é o sentido da palavra “santos” – separados.

Irmãos – santos irmãos. Bonito título para a casa de Deus! A família dos santos, dos separados. Esta é a natureza superior DESTA casa. Gostaria de permanecer nisto pois há muito dito sobre isto antes, sobre Cristo cantando no meio de Seus irmãos e não se envergonhando em chamá-los de irmãos, dizendo: “Eu e os filhos que Deus me deu” e assim por diante, tudo conduzindo a isto: “santos irmãos”. A casa celestial, espiritual, é uma casa de irmãos e irmãs santificados. É uma FAMÍLIA SANTA.

Mas então chegamos ao ponto especial para este momento, a designação particular daqueles que são desta casa. “Por isso, santos irmãos, que participais…” – uma tradução infeliz. No original a expressão “que participais” é “companheiros” (NT: ou “parceiros”). Companheiros – a mesma palavra ocorre em Lucas 5:7 sobre os discípulos e os peixes: “fizeram sinais aos companheiros”. Esta é exatamente a mesma palavra aqui. Por que a mudaram para “que participais” em vez de dizer “Por isso, santos irmãos, companheiros na vocação celestial”? Há muitas designações na Palavra de Deus a respeito dos servos do Senhor. Estamos familiarizados com escravos de Jesus Cristo, ministros de Cristo, mordomos do mistério, cooperadores; e assim podemos ir adiante – um grande número de títulos e concepções dos servos do Senhor na casa do Senhor. Mas aqui está uma outra designação. E se pudermos capturar seu peculiar e particular sentido, veremos que ela vai um pouco além que muitas das outras… Praticamente todos estes outros títulos trazem a idéia de responsabilidade delegada. Um servo, por exemplo, é encarregado em seu serviço com responsabilidade. A um mordomo lhe são confiados recursos, é algo delegado a ele. E assim todos os outros títulos têm esta idéia embutida neles. Mas aqui está algo que vai além – COMPANHEIROS! Companheiros na vocação celestial… trazidos ao companheirismo com Cristo e uns com os outros a respeito desta casa. Esta casa é um companheirismo, uma parceria.

Estou bem certo, caros amigos, que vocês percebem quase todo dia a diferença entre um empregado e um parceiro. Todos percebemos isto, pois salta aos olhos em todo lugar. Estive numa casa durante esta semana, enquanto este evento transcorria. Os empregados estavam trabalhando. Eles não relacionam o ir embora após o trabalho e o deixar TODAS as luzes acesas. Eu vi um jovem pondo seu casaco para sair, deixando uma grande lâmpada acesa. Eu lhe disse: “Aonde você vai?” “Pra casa jantar”. “Por que deixa a luz acesa?” “Oh, eu nunca pensei sobre isto!”. Veja, ser “empregado” é uma coisa – eu é que senti a ofensa, pois partilharei as contas a pagar e tudo o mais. Se tivesse sido um companheiro – um parceiro, um co-proprietário – ele teria sido muito, muito cuidadoso sobre a casa, sobre toda sorte de detalhes, porque como um companheiro ele está envolvido em todas as contas a pagar. Há toda esta diferença. Parece simples, mas há TODA esta diferença na casa de Deus entre empregados (servos, num sentido) e companheiros. E percebendo que o companheirismo de que se fala aqui é de um tipo familiar, a família está em companheirismo sobre a casa, a economia, a ordem; uma responsabilidade familiar de parceria – é isto que temos aqui. Uma responsabilidade FAMILIAR de parceria por esta casa.

Isto traz a casa para bem perto do coração, não? Para uma preocupação legítima, um cuidado real, um ciúme verdadeiro. Estamos envolvidos como companheiros! Veja, as perdas serão as nossas perdas, não são as perdas do patrão, do proprietário, de alguém para quem trabalhamos e que tem que arcar com isso; são NOSSAS perdas. Os ganhos são NOSSOS ganhos! Estamos tão envolvidos nos assuntos desta casa que o que a toca, nos toca. As perdas e os ganhos, tudo que tem a ver com ela é um assunto da nossa própria vida.

Uma responsabilidade conjunta porque, e é tremendo ouvir isto dito aqui, a casa de DEUS é a nossa casa – sim, é a casa de Deus e também é a nossa casa. De que casa somos? É dito que somos herdeiros de Deus e co-herdeiros com Jesus Cristo. Esta é a nossa casa, somos co-proprietários. Pertence a nós em um sentido espiritual, é parte de nós e somos co-participantes em todos os interesses desta casa.

Enfatizo esta palavra “companheiros”. Isto é tudo que desejo dizer, pense nisto. Isto convém muito. Penso que vai até o coração de tudo, vai mesmo. É uma idéia linda. Não somos mais apenas empregados do Senhor – servos no sentido oficial ou profissional – nós somos companheiros.

Pense sobre os discípulos em parceria no lago. Tenho certeza de que o que afetava um bote, afetava todos os parceiros. O que afetava um parceiro afetava os outros. Era uma parceria e a perda de qualquer parte era uma perda para todos; o ganho de qualquer parte era o ganho de todos. E quando o bote estava quase afundando pela abundância da pesca, eles não guardaram para si, como sua bênção; eles sinalizaram aos parceiros e repartiram a bênção. Esta é a casa de Deus.

Possa Ele justamente aplicar a nós Seu próprio entendimento nisto: “santos irmãos, companheiros na vocação celestial”.

Fonte: austin-sparks.net

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