(Eis o testemunho de uma irmã que passou 24 anos na prisão)
Watchman Nee ministrou sobre esse assunto antes que as autoridades comunistas o encerrassem na prisão por vinte anos. Deus o estava preparando para aquilo que viria, à medida que ele preparava o rebanho. Ele enfatizou fortemente que devemos ter uma mente pronta para sofrer.
“Há muito sofrimento que poderíamos evitar se quiséssemos, mas, se queremos ser úteis na obra do Senhor, é fundamental que tomemos deliberadamente a decisão de escolher o caminho do sofrimento por causa do Senhor. Se não tivermos uma disposição de sofrer por ele, a obra que realizaremos será muito superficial… O importante não é quanto sofrimento tenhamos de enfrentar, mas nossa atitude em relação a isto. Pode ser que o sofrimento não seja sua porção diária, mas você deve estar preparado para sofrer.”
A igreja na China proclama: “Preparem suas mentes para sofrer!” Se esperarmos até ouvir o zumbido das balas ou o estrondo dos explosivos, será tarde demais. Não deixe que o sofrimento ou a perseguição o surpreenda. Este é o tempo de começar o treinamento.
Eis o testemunho de uma irmã que passou 24 anos na prisão:
Ela estava orando quando as autoridades chegaram para prendê-la. Todavia, ela não se surpreendeu, pois o Senhor já havia preparado seu coração. De fato, no momento em que a prenderam, o Espírito Santo desceu e a encheu de uma alegria incontrolável. Enquanto o carro que a transportava prosseguia aos solavancos pelo caminho, ela transbordava de alegria e cantou por todo o trajeto. Naturalmente, as autoridades imaginaram que ela estivesse mentalmente desequilibrada.
Enquanto estava sendo registrada na prisão, ela teve bastante tempo para testemunhar a um dos oficiais. Tão poderoso e ungido foi seu testemunho que ali mesmo ele aceitou a Cristo. Enquanto ele a registrava, ela lhe disse: “Hoje não é o dia em que vim para me registrar, e de fato eu nunca serei prisioneira aqui; Cristo estará constantemente comigo. Sou livre. Este é o dia em que você registrou sua residência no reino de Deus”.
Algum tempo depois, todos os companheiros de prisão receberam um envelope com um papel contendo a duração de suas sentenças. Quando lhe perguntaram de quanto tempo era sua sentença, ela respondeu: “Eu não sei. Guardei o veredito sem olhar”.
“Por quê?”, eles perguntaram. “Você não quer saber quantos anos de prisão lhe deram?”
“Não me importa”, ela replicou. “Sejam dez ou cem anos, cada dia será um dia a mais com meu Senhor.”
Na prisão, estavam apinhados de forma desumana — dez prisioneiros por cada cubículo. Não tinham permissão para conversar com os demais nem para cochilar durante o dia. Periodicamente, um guarda examinava a cela através de uma abertura de vidro na porta. Muitos adoeciam, outros enlouqueciam. Um prisioneiro cochichou a essa mulher: “Vemos que sua fé religiosa realmente lhe dá forças”.
Um dia, o guarda apareceu de repente e gritou: “Pare de sorrir”.
“Não estou sorrindo”, ela replicou.
“Está sim”, lhe gritou o guarda.
Quando ele saiu, os outros prisioneiros disseram: “Seus olhos estão sempre sorrindo e seu rosto brilha de alegria, mesmo quando não está sorrindo”. A maioria de seus companheiros de prisão não eram cristãos; na realidade, não eram até que ela levou muitos deles ao Senhor.
A questão do sofrimento por Cristo é o grande teste que indica onde realmente está o coração de um crente. Se as realidades celestiais realmente têm cativado seu coração, se as coisas terrestres têm desvanecido à luz das verdades eternas, então sua atitude em relação ao sofrimento muda radicalmente.
Além de produzir um efeito purificador e de amadurecer a igreja, parece que o sofrimento libera, de maneira inexplicável, o poder de Deus, às vezes de forma eletrizante. O princípio da cruz em ação, numa vida rendida, pode romper toda oposição, amolecer o coração endurecido e abrir uma mente totalmente fechada para a luz da verdade. Isto tem sido demonstrado continuamente na China.
(Extraído da obra “A Igreja do Século 20: A História Que Não Foi Contada”, de John Walker, capítulo 11, “O Avivamento na China”, 3ª edição; uma coedição entre Editora dos Clássicos e Impacto Publicações.)